1985 foi um ano mítico para o Brasil. Após 21 anos de ditadura militar, tinha início um período de redemocratização, apesar de ainda não ser possível votar para presidente, o que só viria a acontecer quatro anos depois. Tancredo Neves foi eleito o primeiro presidente civil do país de forma indireta, porém não chegou a tomar posse vindo a falecer e causando comoção nacional.
Esse seria o segundo carnaval no Sambódromo e o primeiro sob a administração da Liga Independente das Escolas de Samba (LIESA), criada em julho do ano anterior. Dezesseis escolas desfilariam pelo Grupo 1-A (designação do Grupo Especial naquela ocasião), sendo oito escolas em cada noite e com um único corpo de jurados para os dois dias. Lembrando que, no carnaval de 1984, ano da inauguração da Passarela do Samba, havia um corpo de jurados para domingo e outro diferente para segunda-feira, e diferentes regras que culminaram com o supercampeonato da Mangueira.
Domingo, 17 de fevereiro. O desfile foi transmitido por três emissoras: Globo, Manchete e Bandeirantes e foi aberto pela Em Cima da Hora, seguida pela Unidos do Cabuçu, Império da Tijuca, Salgueiro, União da Ilha, Vila Isabel, Mangueira - que defendia o título - e a Mocidade, que iniciou seu desfile já por volta das 08h15 da manhã.
A Mocidade se apresentou de uma forma arrebatadora e, com muitos méritos, se tornou a campeã daquele ano. O carnavalesco Fernando Pinto estava inspiradíssimo e preparou um carnaval impecável, com alegorias e fantasias maravilhosas que causaram impacto e levantaram o público.
Alegorias representando o sistema solar, com muitos efeitos e movimentos e focos nas cores branco e prata, que reluziam a luz do sol. Comissão de frente trazendo robozinhos com a bandeira do Brasil. Baianas com asas, capacetes e antenas, uma inovação espetacular. Bateria sensacional vestida de astronautas trazendo as famosas paradinhas. Para fechar o desfile, a "nave-mãe", trazendo os sambistas de volta do "carnaval nas estrelas" - um carro acoplado, que era uma novidade para a época. Ovacionada na Praça da Apoteose, a escola de Padre Miguel fechou seu desfile deixando o público e a crítica especializada com a certeza de ter realizado uma apresentação histórica.
O samba ficou marcado naquele ano e até hoje é lembrado.
"Vou à lua, vou ao sol, vai a nave ao som do samba..."
Aquela manhã de segunda-feira de carnaval foi mágica, um despertar para o futuro.. e pensar que já passamos de 2001... quem sabe em 3001 teremos um carnaval nas estrelas... não custa sonhar! (aliás, como a própria Mocidade cantou sete anos depois).
E na noite de segunda-feira, ainda desfilaram mais 8 escolas com destaque para a Caprichosos de Pilares, que fez um desfile inesquecível. "E por falar em saudade" foi vencedor do Estandarte de Ouro e deu a honrosa quinta colocação para a simpática agremiação de Pilares. Mas isso é assunto para um outro post.
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